domingo, 11 de fevereiro de 2018

Dedo de Prosa #20: Jogos Mortais 8 - Jigsaw (2017)

Imagens promocionais do filme.
Antes de tudo, preciso colocar um ponto aqui: como a própria imagem de fundo sugere, este que vos fala é um grande apreciador da franquia "Jogos Mortais". Chega a ser difícil colocar em palavras o tamanho da ligação que possuo com essa franquia, que vi nascer em 2004 quando ainda era uma criança e vi "acabar" em 2010 com o seu capítulo final.

Além disso, sempre fui (e essa franquia tem parcela de influência nisso) um intenso admirador do gênero terror na sétima arte. Muito por isso que, ao saber que produziriam um reboot da franquia, fiquei com muito receio de estragarem o legado (que não é pequeno, ao meu ver, pois partilho da opinião de que "Jogos Mortais" foi a última grande franquia do gênero e a melhor coisa que aconteceu para esse nicho cinematográfico nos últimos tempos - não à toa é a franquia de terror mais bem sucedida de todos os tempos) construído na primeira década do séc. XXI. É muito comum, vide "Sexta-Feira 13", as franquias perderem a qualidade conforme o passar do tempo e uma porção de sequências desnecessárias serem produzidas. Felizmente, isso (ainda!) não aconteceu com "Jogos Mortais" - ao menos para mim.

É é claro que o filme possui algumas falhas; minha afeição ao filme não é suficiente para obscurecer o meu olhar objetivo sobre a trama. Ainda assim, o filme é muito bem desenvolvido naquilo que se propõe a fazer, respeitando toda a atmosfera que a franquia sempre teve.

Um momento de regozijo, claro, é a reaparição nostálgica de Tobin Bell (John Kramer) ao papel que lhe deu status de serial killer, de forma extremamente digna (felizmente não o ressuscitaram, apesar de boa parte da trama aventar essa possibilidade).

Os intrincamentos narrativos estão muito bem dispostos; os jogos continuam extremamente viscerais e a fusão da culpa e de reflexões existenciais que o roteiro acomete aos seus personagens (uma das características mais marcantes de toda a franquia) permanecem extremamente pontuais nesse novo longa.

Embora as atuações não sejam lá grande coisa (em especial no que tange ao desenvolvimento dos personagens do jogo, que possuem pouca função narrrativa além de servirem como mera "isca"), isso não é o suficiente para comprometer a estrutura de toda a trama. Já trama paralela de investigação, melhor trabalha, suscita uma constante sensação de insegurança com relação aos envolvidos, despindo-os de qualquer semelhança para com a imagem de herói.

O trabalho dos irmãos Spierig foi de grande respeito para tudo que a franquia construiu durante esse tempo (lembrando-me um pouco o respeito com que J. J. Abrams tratou "Star Wars" ao revitalizar a franquia em seu 7° episódio). Por mais que não hajam inventividades narrativas que modifiquem drasticamente a forma como as histórias se desenvolvem (o que pode soar "mais do mesmo" para um olhar despretensioso), está claro que - ao menos inicialmente - assim devia ser. Do contrário, o público se dispersaria.

Isto posto, reitero - com imensa alegria - que meu receio inicial, felizmente, foi desmontado. Espero, sinceramente, que, após essa volta da franquia (que já abriu portas para novas sequências - e isso sem parecer algo forçado - embora seja, convenhamos), o que vier pela frente consiga manter o mesmo nível (se não de qualidade, mas - pelo menos - de respeito ao legado de "Jogos Mortais"). E que comecem os jogos...!

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Dedo de Prosa #19: A Forma da Água (2017)

Capa do filme.
Antes de começar minha peroração sobre o filme com mais indicações do Oscar desse ano, considero importante ressaltar um segundo fator, a fim de que algumas coisas sejam melhor esclarecidas: eu não aprecio, de uma forma geral, o trabalho do diretor mexicano Guillermo Del Toro

Seus filmes fantasiosos, sempre com intuitos simbólicos, costumam me causar um certo tédio, trazendo à minha memória uma espécie de produção equivalente a um Tim Burton com um visual mais "clean"

De todo modo, apesar de possuir um certo receio com relação ao diretor (e com o número de indicações que o filme recebeu no tão famigerado Oscar - que para mim ganhou um status pejorativo), procurei assisti-lo da maneira mais despojada de pré-conceitos que consegui. Agora vamos ao que interessa...

O filme começa com uma atmosfera bem leve, contrastando, em suas nuances, com o enredo mais pesado que ali está sendo tratado. O clima de sobriedade da trilha, as cores cintilantes e as entrelinhas interpretativas da personagem principal - Elisa (Sally Hawkins) - costuram todo aquele panorama característico (e um tanto clichê) do cinema hollywoodiano, sempre priorizando as catarses psíquicas nos seus tons narrativos em relação ao aspecto mais visceral das verdades cruas de um cinema menos delirante.

Assim sendo, a iconografia que se pode pintar - ao menos no seu "prólogo" - é a construção de apenas mais um filme piegas, com apelações emotivas e eventuais críticas (para o deleite de toda a intelligentsia hollywoodiana) ao paroxismo sensorial proporcionado pela produção material e a formação de uma caricatura (já batida, diga-se de passagem) do Tio Sam vilão, no contexto da guerra fria.

Contudo, conforme o transcorrer da trama (não seria melhor dizer fábula?) se desenvolve e as nuances narrativas são sedimentadas, uma trama que excede os vícios da construção cinematográfica já pausterizada por Hollywood e sua mentalidade geral de boa selvageria começa a se construir, possibilitando que se tente - ainda que à duras penas - apreciar um pouco o resultado final do filme.

Por mais que o tom da narrativa acabe por, consequentemente, aderir aos velhos mecanismos de apelação psicológica (alô, Spielberg!) e construir um romance que, da maneira que se desenvolveu, decorra em diversos cacoetes dramáticos já estereotipados (e sem sal, diga-se de passagem), o resultado final do filme até que é bastante agradável e, em substância, intensamente belo.

O destaque, contudo, fica mais por conta das partes técnicas, em especial a primorosa fotografia de Dan Laustsen, focalizando a estética da imagem em tons de azul e verde (pois não basta falar da forma da água, se não mostrar a cor da mesma). O filme, em si, até que é interessante e, reconheço, até conseguirá agradar a um espectador que o assista de maneira mais despretensiosa. 

Não obstante, está muito longe de merecer as 13 indicações ao festival de cinema mais importante do mundo (sic) que é o Oscar. Sua presença magnânima (e a ausência total de obras brilhantes como Mãe!) demonstra, de maneira sintomática, o quão presos os críticos hollywoodianos da sétima arte estão dentro do arauto de seus círculos de preferências. E depois reclamam quando dizem que o cinema está morrendo...

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Sem Mais Delongas #19: O direito à arrogância.

(ou de como a arrogância tem de ser merecida).


É curioso como posturas como a arrogância - assim como o pessimismo - são vistas pelo inconsciente geral com certa repugnância, ainda mais se formos honestos o suficiente e começarmos a perceber que, em certa medida, todos assumimos uma postura arrogante perante alguma situação, em algum momento de nossas vidas. Ainda assim, talvez por influência do "bom selvagem rousseauniano" ou da estúpida crença contemporânea de que todos são iguais e devem se amar mutuamente (o eterno blá-blá-blá dos humanistas falsários), grande parcela das pessoas tem dificuldade em se enxergar assim, pois se enxergam como possuidores de uma pureza incorruptível.

O mundo real, entretanto, não é essa alegoria um tanto romântica da vida em comunidade. Pois, como bem observou o Pondé: "alguns poucos homens são melhores do que a maioria". O problema que planejo tratar, contudo, não é a arrogância em si, pois vejo-a como algo natural e, muitas vezes, saudável. Afinal, como bem diria Burke, o mal só insurge como magnânimo quando os bons deixam-se ser dominados pela crença ilusória de alguns. O ponto que aqui planejo discorrer (e como o título já sugere), é o momento em que a arrogância pode ser considerada como algo salutar.

Para isso, tomarei como premissa a ideia de que, para que a arrogância seja disposta de maneira coerente, é necessário que ela seja impulsionada por um aprofundamento ostensivo em uma determinada questão em específico, de modo que esta se justifique dentro deste contexto. Assim sendo, um indivíduo tem o direito de, perante uma pessoa com pouco (pra não dizer nenhum) arcabouço de conhecimento acerca de um tema, colocar-se em uma posição de superioridade com relação ao outro. 

É justamente invertendo-se os lados que se encontrará o aspecto deplorável da tomada de uma postura arrogante. A ausência de merecimento, assim colocado, é que transforma a adoção dessa postura em algo deplorável. É o cúmulo do absurdo que alguém, inepto em algum assunto, julgue-se apto para conversar sobre um assunto com alguém de estudos aprofundados sobre aquele tema. Portanto, é totalmente compreensível que o erudito do contexto se recuse a nivelar o debate por baixo, até mesmo para preservar a própria sanidade do processo de aquisição de um repertório cognitivo.

Quando Sócrates, séculos antes de Cristo, afirmou que a virtude de um sábio é o reconhecimento de sua própria ignorância, ele não estendeu essa afirmativa aos limites da adoção de uma humildade genérica e hipócrita, mas entendeu que é necessário que se compreenda os limites da nossa própria sabedoria, a fim de que, consequentemente, saibamos reconhecer em que pontos podemos nos posicionar e expressar-nos sobre e em que pontos devemos nos abster. O verdadeiro exercício da arrogância e da humildade está na conquista da percepção de em que momentos é saudável nos expormos destas maneiras.

Parafraseando o Olavo de Carvalho: a arrogância serve precisamente para aquelas ocasiões onde assumir uma postura humilde é compactuar com a mediocridade. Ou seja: existe toda uma nobreza na adoção de uma postura arrogante, legitimada por um repertório, que é o de preservar a elevação das reflexões acerca do tema. Da mesma forma, é extremamente abjeto supor-se articulado em uma questão sem possuir o repertório necessário para isso. Portanto, é um direito inalienável de todo indivíduo ser arrogante, se ele assim o fez por merecer.

domingo, 31 de dezembro de 2017

Dedo de Prosa #18: Mãe! (2017)

Capa do filme.
O alvoroço provocado pelo novo filme do Aronofsky foi grande. Apesar de ver que muita gente estar comentando sobre o drama, eu evitei checar os reviews, pois conheço a filmografia do diretor de cabo à rabo e sei que suas obras merecem uma atenção maior, devido as constantes alegorias e simbolismos que ele traz. "Mãe!" não é diferente. Inclusive, talvez seja o filme mais alegórico e com mais simbolismos de toda a carreira do diretor.

Apesar de ter no seu papel principal a fraca (e mais nova queridinha de Hollywood) Jennifer Lawrence, nada há para se queixar com relação à atuação, tanto dela quanto do seu parceiro Javier Bardem, além da brilhante participação dos coadjuvantes Ed Harris e Michelle Pfeiffer. O filme, enxergado através da ótica da personagem interpretada por JLaw, transmite uma sensação intensa de angústia, como se a cada plano o mundo que estivesse ao seu redor pudesse ruir completamente. Os enfoques no misé-en-scène, como função de construção simbólica da narrativa, são cruciais para sedimentar a atmosfera claustrofóbica que está presente em todo o longa.

Mãe (JLaw) é uma mulher pacata, que vive numa casa isolada com o seu marido poeta. Na inconstância do relacionamento, onde ela está insatisfeita pelo descaso com que é tratada e ele pela incapacidade de produzir algo referente à sua escrita. Nesse cenário de conflito psicológico, a trama se desenvolve. A própria fotografia e o som, em vários momentos do longa, enfatiza esse sufocamento sentido pelos dois, além da própria postura que ele assume ao interagir com a sua amada.

Agindo em duas frentes, o enredo proporciona significados distintos (mas conjuntos em significância narrativa), o que faz com que o filme, mesmo aos que não compreenderem de imediato, obtenha sucesso mesmo com o entendimento raso da trama. Alimentado pela ideia da Criação, o enredo personifica Ele/Deus (Javier Bardem) como o engenheiro por trás de toda a criação, sendo a Musa/Mãe[Natureza] um elemento de equilíbrio desse processo. O Homem (Harris) representa a figura bíblica de Adão e a Mulher (Pfeiffer) a de Eva. O irmão mais velho (Domhnall Gleeson) e o irmão mais novo (Brian Gleeson) representam, respectivamente, Caim e Abel.

"Mãe!" narra a história de um processo de criação e sobre a Criação. A Musa em chamas apresentada no início do filme é o ponto de partida de onde Mãe reconstrói o mundo a partir das cinzas, esvaziado pelo esgotamento do "poema" anterior. É em dependência da ação de Mãe que Ele coloca as responsabilidades do seu processo criativo, de forma que é a partir da reconstrução da casa, por parte da Mãe, que é possível que as ideias (representadas pelo Homem) voltem a frequentá-la. 

Neste panorama, a aparição do Homem e da Mulher suscitam o pecado original (simbolizado aqui pelo vilipêndio à pedra preciosa - "fruto proibido" - guardado no escritório d'Ele), aquele que desencadeou todas as mazelas que perverteram a humanidade e que vão, paulatinamente, sendo representadas com a destruição progressiva da casa onde todos estão, que simboliza o nosso mundo. Na busca incessante por uma "injeção de adrenalina" criativa, Ele permite com que toda a desgraça do mundo seja ampliada, mesmo com toda a relutância de Mãe.

Passada a expulsão do Homem e da Mulher da casa - "Paraíso" - e o livramento das pessoas - dilúvio - pós-funeral do Irmão mais novo - Abel - é restaurada uma atmosfera mais amena, onde Ele e Mãe geram uma gravidez, o que finalmente alimenta a criatividade do poeta que, influenciado pela vida e o amor, escreve uma poesia - escritura - descrevendo todos aqueles acontecimentos.

Recebido com clamor pelo povo - fundamentalistas fanáticos - a casa é novamente invadida, fazendo com que a Mãe (Natureza) se desespere novamente. Em meio ao caos generalizado construído pelos asseclas d'Ele, Mãe dá luz à um bebê - Cristo - que, em um momento de descuido dela, é levado por Ele para o povo - humanidade - que o sacrificam, bebendo o seu sangue e comendo o seu corpo.
A simbolização do sacrifício de Cristo.
Embora recebido o perdão d'Ele, o caos produzido pelo povo - humanidade - é tamanho que a destruição de tudo - apocalipse - é inevitável e a Mãe toca fogo na casa, representando o fim de um ciclo. Desconsolada por não ter sido suficiente à Ele, Mãe entrega seu último despojo de amor e cede o seu coração - progressivamente apodrecido durante o filme - à Ele, de onde é retirada uma joia que leva, novamente, ao princípio. Legitimando, assim, a compulsão criativa d'Ele, um Deus egocêntrico à quem ser amado é mais importante do que amar.

Destarte, digo sem medo algum que "Mãe!" é - para este que vos fala - o melhor filme (e o mais corajoso, em termos narrativos) do ano. Aronofsky ascende, novamente, como um dos grandes nomes do cinema contemporâneo, pela fidelidade ao seu estilo e a sua excentricidade artística. Tecnicamente impecável, narrativamente preciso e alegoricamente poético, "Mãe!" é um deleite para qualquer cinéfilo.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Dedo de Prosa #17: Dunkirk (2017)

Capa do filme.
O filme que faltava à carreira do Nolan.

"Dunkirk" não é o melhor filme do Nolan, isso ficou claro para mim quando os créditos começaram a rolar e aquela impressão de "tá... foi bom, mas eu esperava mais" começou a latejar na minha mente. Não é que o filme seja ruim - longe disso! - mas ele possui pouca engenhosidade na hora de criar uma narrativa um tanto inventiva, fazendo com que o filme - primoroso tecnicamente - acabe repetindo algumas fórmulas já batidas no gênero do cinema de guerra. Ainda assim, considero esse filme um divisor de águas na carreira do diretor inglês.

Christopher Nolan é - junto de alguns outros nomes como Darren Aronofsky, Denis Villeneuve, David Fincher, entre outros - um dos diretores mais promissores dessa safra de novos cineastas que surgiram dos anos 90 para cá. Contudo, o nome do britânico ainda parece deixar muito cinéfilo - em especial os mais saudosistas! - com um certo pé atrás, haja vista as suas narrativas, por vezes, comerciais e megalomaníacas (no bom sentido).

É justamente aí que "Dunkirk" entra. São inúmeros os cineastas, tanto britânicos quanto americanos, que tiveram como marcos fundamentais de suas obras grandes filmes ambientados em guerras, tais como Kubrick ("Full Metal Jacket"/"Paths of Glory"); Coppola ("Apocalypse Now"); Malick ("The Thin Red Line"); Spielberg ("Saving Private Ryan"/"Schindler's List"); Lean ("The Bridge on the River Kwai"/"Lawrence of Arabia"); Cimino ("The Deer Hunter"); Stone ("Platoon"); Polanski ("The Pianist"), entre outros. Dito isto, considero - estrategicamente falando - uma escolha bem feita ter resolvido dirigir um filme deste teor agora, ainda que o resultado final não tenha sido o melhor possível. É a ponta-de-lança para que passem a respeitar o nome do Nolan como o grande diretor que é.

Quanto ao filme em si, não há muito o que ser dito. Tecnicamente o filme é primoroso. Cada plano é realizado de maneira cirúrgica, de tal modo que mesmo as tensões trabalhadas na narrativa são refletidas na forma como a filmagem transcorre, provocando uma sensação de imersão na trama pouco comparável. O som é um elemento à parte, não só pela já característica trilha-sonora fabulosa de Hans Zimmer, como pela mixagem dos efeitos sonoros aliados aos eventos da trama.

A catarse do filme.
Contudo, a trama do filme deixa a desejar quando o roteiro, um tanto caótico, começa a apresentar incongruências dentro da sua própria proposta, haja vista que o filme começa fugindo dos estereótipos spielbergerianos das romantizações dos heróis e vilões e das narrativas ortodoxamente lânguidas, priorizando uma atmosfera mais sensorial e enigmática. Contudo, com a não-linearidade dos eventos e a profusão de diversos segmentos narrativos menores dentro de toda a trama, o filme não consegue desenvolver seus personagens e acaba por falhar ao tentar produzir um sentimento de identificação estes.

Desta forma, "Dunkirk" acaba por ser um filme técnico e seguro, a ser analisado especialmente sob esta ótica. Talvez devido a pretensão com que tenha sido produzido ou mesmo o resultado total da trama, que desemboca em uma lógica indutiva gerando insatisfação no final, o filme acaba por se mostrar como um dos mais fracos da carreira do diretor. Ainda assim, é - para todos os fins - um dos mais importantes para a história do Nolan.