terça-feira, 18 de outubro de 2016

A Vida é Curta #2: Din of Celestial Birds (2006)

Capa do filme.
Quando eu descobri que o Merhige havia feito um curta-metragem que seria o segundo filme de uma trilogia (não-oficial) que teria sido iniciada com Begotten, eu confesso ter ficado um tanto quanto intrigado. Pensei comigo mesmo: conseguirá ele abarcar toda a complexidade e verborragia empregada em Begotten?

Mas por mais que eu tenha ficado com esse pé atrás, o curta conseguiu quebrar toda essa minha desconfiança. Com cerca de 10 minutos (créditos excludentes), o curta consegue propor uma abordagem extremamente lisérgica, com uma fotografia ainda mais densa e um enredo bastante enigmático.


Logo no início, o curta centraliza uma mensagem, que servirá como base para a experiência que virá. Nela (a mensagem), pode-se ler: "Olá e bem-vindo. Não tenha medo. Esteja confortado e lembre-se da nossa origem."

Isso é o que irá nos guiar, pois novamente o Merhige nos coloca defronte de uma trama sem diálogos e com uma sucessão de acontecimentos ininteligível. Surgem na tela imagens do universo, provavelmente querendo explorar a teoria do Big Bang como o fator propulsor da Criação. Usando de um dinamismo impecável, o curta ainda abre espaço para explorar a criação do dia (Sol) e da noite (Lua) e o surgimento da primeira vida humana na Terra, tudo espelhado no livro bíblico de Gênesis.

O mais curioso é que Merhige não parece querer dissuadir uma ideia da outra; o desenvolvimento sequencial das imagens pautadas em uma simbiose tresloucada parece querer perpetuar uma certa nobreza entre os dois espectros de pensamento, como se de alguma forma elas pudessem se completar. No final, ainda resta tempo para que uma figura (humana?) possa surgir do "pó da terra", buscando alcançar algum tipo de fonte anônima.
Pseudo-humanoide, surgindo misteriosamente.
Visualmente magnífico e com uma trilha-sonora impactante, Din of Celestial Birds é um curta experimental indelével. Filmado com o apoio da Q6 Film, grupo de artistas e filósofos, ele (o curta) se apresenta como um verdadeiro exercício de reflexão, onde as cenas (dotadas de uma psicodelia magnânima) montam um verdadeiro mergulho na incompreensão da vida. Genial... e que venha o terceiro!

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