Quem me conhece sabe que não costumo participar de correntes ou desafios de internet, mas durante os últimos trinta dias resolvi entrar num desafio de cinema em que, durante um mês, eu deveria nomear um filme para cada categoria. Como durante o desafio não pude explicar o porquê das escolhas, segui o conselho do meu amigo
Victor Miranda e resolvi fazer uma breve apreciação de cada um dos escolhidos. Assim sendo, o post a seguir possui um cunho mais íntimo e descontraído, sem presunção de nenhuma análise profunda e aprimorada. Para elucidar cada um dos escolhidos, deixarei a imagem do referido desafio ao lado.
DIA 1 - FILME FAVORITO
"Saw" (James Wan, 2004)
Minha ligação com Saw é muito mais íntima do que técnica, devo confessar. Todo mundo tem aquele filme que marcou sua infância e adolescência e que te deu o impulso para o interesse na sétima arte. Comigo, sem sombra de dúvidas, esse filme foi Saw. Não só porque desde sempre eu sou apaixonado por filmes de terror (em especial os que envolvem serial killers) ou pela construção simbólica que o filme monta com suas reflexões subentendidas sobre a vida, mas principalmente pela ligação pessoal que eu fui criando com o filme, que me acompanhou durante o meu desenvolvimento. Afinal, a cada ano que eu completava um aniversário, mais um filme era lançado. E isso se estendeu até 2010, quando a franquia "terminou" até o seu reboot em 2018. Por mais que eu saiba que Saw não é nenhuma obra-prima da sétima arte, eu reconheço o valor que o filme tem para o gênero e a ligação que eu desenvolvi para com a película durante o tempo.
DIA 2 - FILME BRASILEIRO FAVORITO
"Noite vazia" (Walter Hugo Khouri, 1964)
Meu apreço por este filme do Khouri está para além da própria qualidade técnica inquestionável que ele possui, para além das atuações brilhantes e do roteiro bem bolado. Sempre fui um apaixonado por um estilo de cinema voltado para uma atmosfera contemplativa, não é à toa que filmes tão simples como "Ovsyanki", de Aleksei Fedorchenko, tanto me encantem. E talvez à exceção de "Limite", do Mário Peixoto, este seja o maior exemplar desse tipo de cinema aqui no Brasil. Uma verdadeira viagem rumo às profundezas da alma e da representação da experiência humana enquanto uma estrutura melancólica da vida.
DIA 3 - TRILOGIA IMPERDÍVEL
"Trois couleurs: Bleu"; "Trois couleurs: Blanc" e "Trois couleurs: Rouge" (Krzysztof Kieślowski, 1993, 1994 e 1994)
A trilogia deste polaco é de complexa definição, tamanha é a vasta carga de simbolismos (não só narrativos, mas também técnicos) que o filme carrega. Assim como o estupendo "Pierrot le fou", do Jean-Luc Godard, são filmes que elaboram toda uma linha estética e um arcabouço narrativo que agem enquanto produtores de sentido. Para além disto, as discussões embutidas no roteiro (na qual se ligam os seus respectivos títulos) trazem à tona importantes objetos de reflexão acerca das expectativas e desilusões de todo um ideário francês. É um prato cheio pra quem quer aprofundar reflexões sobre tais temas.
DIA 4 - DOCUMENTÁRIO INDISPENSÁVEL
"Why beauty matters?" (Roger Scruton, 2009)
Aqui mesmo neste blog, anteriormente, já cheguei a abordar brevemente o que eu costumo de chamar de "declínio da poesia" (embora ainda não tenha discorrido de maneira mais profunda sobre este tema em específico). Seja como for, esta discussão (e a conclusão a qual cheguei com relação a este assunto) são alinhadas às reflexões que o Scruton, o maior filósofo da atualidade, faz acerca da arte e da função aesthetic nesta. Um complemento muito interessante ao seu magnífico livro "Beauty".
DIA 5 - FILME SUPERESTIMADO
"Citizen Kane" (Orson Welles, 1941)
Antes que os cinéfilos metidos a críticos especializados comecem a espernear e chorar as pitangas, eu preciso dizer que, em nenhum momento, estou desmerecendo o valor da obra do Welles. Eu compreendo todo o valor que esse filme tem para a história e, vale dizer, jamais cometeria a perfídia de dizer que esta película não possui qualidade. Minha ressalva, contudo, é apenas com relação ao endeusamento que essa obra sofre, sendo colocada por muitos como o maior filme de todos os tempos (coisa que atribuo à "Casablanca" e "Lawrence of Arabia", mas isso é outra história). Dizer que este filme está nesse patamar me soa um pouco excessivo, visto que não o considero nem mesmo o melhor filme do próprio Welles (entendo "Touch of evil" como seu auge).
DIA 6 - FILME SUBESTIMADO
"Sleepers" (Barry Levinson, 1996)
Apesar de geralmente este filme sempre aparecer como bem criticado, eu percebo que ele não conseguiu alcançar o valor que eu o atribuo. Tanto por não ter ficado muito conhecido quanto pela própria eficiência do filme (que pode não ser nenhuma obra prima, mas é um filme bem redondinho e encaixado, cumprindo tudo o que promete). Todos os aspectos técnicos e a discussão relevante que o filme traz à tona deveriam, ao meu ver, ter chegado ao conhecimento de mais pessoas.
DIA 7 - FILME QUE TE DEIXA ANIMADO
"First blood" (Ted Kotcheff, 1982)
Existem filmes que te fazem refletir e te provocam um instinto de 'over-analisyng', mas tem filme que simplesmente é feito pra curtir. E pra mim, sem dúvida, não existe nada melhor pra isso do que os filmes protagonizados pelo Stallone. Para além de toda a atmosfera que cerca o Rambo (o filme tinha toda uma carga propagandística, visto que produzido à época em que a Guerra Fria ainda estava rolando), o longa protagonizado pelo Stallone é uma explosão (literalmente!) de ação, que não deixa ninguém parado. A fórmula do gênero em sua excelência!
DIA 8 - FILME QUE TE DEIXA NA BAD
"Danser i Mørket" (Lars Von Trier, 2000)
Uma vez, conversando com um amigo, chegamos ao consenso de que esta película do Trier era "um filme para noites sombrias e nebulosas". Até hoje não consigo discordar dessa afirmação. Muito mais do que um filme triste ou melancólico, esse musical tem uma atmosfera caótica e pesada. A sensação que provoca não é de simples abatimento, mas de uma completa desolação e vazio. Uma agonia interna que vai te corroendo aos poucos durante as pouco mais de duas horas de duração do filme!
DIA 9 - DIRETOR(A) FAVORITO(A)
Sir Alfred Hitchcock
O mestre do suspense! Minha ligação com as obras desse gordinho inglês estão para além da simples majestade de suas obras (tão sublimes que, sobremodo, não preciso nem mesmo discorrer sobre), mas também com a representação que elas tiveram para mim, enquanto consumidor da sétima arte. Foram as suas obras, em grande parte, as responsáveis pela minha formação enquanto cinéfilo e, desta forma, não tenho como retirar este posto dele (mesmo apreciando mais estilos como o do Trier e do Bergman, por exemplo).
DIA 10 - ATOR FAVORITO
Al Pacino
Falar de atuação é complicado, visto que a variedade de composições que os atores fazem durante suas carreiras é, geralmente, muito extensa. Ainda assim, escolher o Al Pacino não foi uma tarefa muito árdua. Ao meu ver, não houve nenhum outro ator que tenha, mesmo passeando por personagens tão diversos, preservado um estilo tão próprio e, ainda assim, ter demonstrado tamanha versatilidade. Um dom raríssimo!
DIA 11 - ATRIZ FAVORITA
Ingrid Bergman
Às vezes uma atuação é muito mais eficiente pela simplicidade do que pela construção espalhafatosa do personagem. É nesse sentido que, pra mim, a Ingrid Bergman é insuperável. Mesmo não provocando rompantes de genialidade em momentos icônicos (como a Audrey Hepburn em "Breakfest at Tiffany's", a Claudia Cardinale em "Once upon a time in West" ou mesmo a Marilyn Monroe em "The seven year itch"), a graciosidade com que a atriz sueca conduzia suas atuações era de uma classe deslumbrante e irretocável.
DIA 12 - ATUAÇÃO MEMORÁVEL
Al Pacino em "Scent of a woman" (Martin Brest, 1992)
Woo-hah! O que esperar de um personagem cego, repleto de traumas e imbuído de um imenso orgulho? A tarefa de interpretar e compor um personagem dessa estirpe não é fácil, mas Pacino é um mestre tão exemplar que faz essa missão parecer brincadeira de criança. A leveza com que carrega seu personagem durante a trama é tamanha que, por vezes, até esquecemos que trata-se de uma figura fictícia.
DIA 13 - FILME QUE VOCÊ MAIS ASSISTIU
"Scream 2" (Wes Craven, 1997)
Aqui cabe uma ressalva: esse filme eu quase deixei para a categoria do dia 15 ("marcou sua infância"), mas reparei que ele melhor se encaixaria aqui. E cabe outra ressalva também: embora eu simplesmente adore essa franquia produzida pelo Wes Craven, ele ser o filme que eu mais vezes assisti não está diretamente ligado à qualidade da obra, mas ao fato de que, quando criança, ele era o único filme que eu possuía em DVD e, portanto, eu o assistia repetidas vezes.
DIA 14 - BUGOU SUA CABEÇA
"Eraserhead" (David Lynch, 1977)
Não é segredo pra ninguém que acompanha esse blog que eu tenho um fascínio enorme por essa obra em específico do Lynch (embora quase toda sua filmografia se encaixaria fácil nessa categoria, rs). Tanto que já escrevi uma resenha (que ficou uma bosta, por sinal... pretendo reescrevê-la futuramente) deste filme. O próprio Lynch já disse que nunca ninguém compreendeu o seu filme por completo e eu arrisco dizer que, talvez, este seja um daqueles filmes que é melhor que assim o seja mesmo. A própria beleza da obra está justamente no mistério que a rodeia.
DIA 15 - MARCOU SUA INFÂNCIA
"Ju-on" (Takashi Shimzu, 2000)
Vendo a película desta categoria, muita gente deve imaginar que tenho alguma perturbação advinda da infância. E desde moleque, confesso, eu já gostava desse tipo de filme. Lembro de meus pais alugando filmes desse gênero nas locadoras do Guarujá e assistindo comigo durante as noites. Foi numa dessas noites que eu conheci "Ju-on" e, desde então, tenho um carinho imenso por esse thriller. Já disse aqui uma vez: para mim, não tem nenhuma outra corrente cinematográfica mais competente que os asiáticos para fazer terror. E "Ju-on" é um dos melhores exemplos disto!
DIA 16 - DARIA UMA ÓTIMA SÉRIE
"Death wish" (Michael Winner, 1974)
A história de um pistoleiro aventureiro que combate os pilantras e salafrários da comunidade não poderia deixar de me agradar. O estereótipo dicotômico (seria isso uma contradição?) interpretado pelo Charles Bronson seria ainda melhor desenvolvido se a trama pudesse trabalhar mais a dualidade que compõe essa vida de dupla personalidade vivida pelo seu personagem e, por conta disto, o filme virar uma série seria uma ótima pedida!
DIA 17 - PERSONAGEM PARA SER POR UM DIA
Jordan Belfort em "The wolf of Wall Street" (Martin Scorsese, 2013)
Essa entra naquela onda de "eu nunca faria isso, mas seria legal imaginar como seria se acontecesse". Não só pela distância (e que distância!) que marca a realidade do personagem interpretado pelo DiCaprio e eu, mas pelo próprio hedonismo que eu imagino que me proporcionaria se pudesse ter uma vida regrada à dinheiro, sexo e violência.
DIA 18 - PÔSTER QUE VOCÊ AMA
"Nymphomaniac" (Lars Von Trier, 2013)
Uma vez escrevi no twitter que "eu não acredito em perfeição, mas não tem nada que se aproxime mais disso do que uma mulher alcançando o êxtase durante o gozo". Passou um bom tempo desde que escrevi isto e não mudo uma vírgula do que disse. E não poderia haver melhor exemplo disso do que eu escolher o pôster desse filme do Trier como meu predileto.
DIA 19 - MELHOR TRILHA SONORA
"Amélie" (Jean-Pierre Jeunet, 2001)
Essa foi difícil, confesso (ainda mais levando em consideração a existência de filmes já citados anteriormente, como o "Danser i Mørket", cuja trilha-sonora foi inteiramente composta pela minha cantora predileta: Björk). Ainda assim, resolvi optar por um filme que eu nem gosto tanto, mas cuja trilha-sonora me encanta profundamente. As composições que o Yann Tiersen realizou para esta obra, embora de imensa simplicidade, possuem uma beleza melódica exuberante!
DIA 20 - MELHOR VILÃO
Zaroff em "The most dangerous game" (Ernest B. Schoedsack & Irving Pichel, 1932)
Essa foi a que eu mais fiquei indeciso, pois durante um bom tempo pensei em colocar o vilão do filme "8MM", do Joel Schumacher, nesta categoria. A inclusão dele, contudo, seria muito mais atribuída à uma frase específica que ele diz, da qual nunca esqueci ("não tenho muitas respostas para dar, nada do que eu disser vai fazer você dormir melhor à noite. Eu não fui surrado, não fui molestado. Mamãe não batia em mim. Meu pai não me estuprou. Eu sou o que eu sou."). Lembro como, à época que eu assisti, isso me provocou imensamente, visto que rompia com todo o tradicional "mito de origem" que geralmente vêm atrelado aos vilões. Era um vilão dizendo "eu sou mal porque simplesmente quero ser". Ainda assim, eu tive de reconsiderar, pois Zaroff é, ao meu ver, a figura que construiu todo um modelo que viria a se sedimentar na persona dos vilões da sétima arte. Ele é, ao meu ver, o estopim de toda a construção de uma fórmula e precisa ter seu valor resguardado.
DIA 21 - TODOS ASSISTIRAM, MENOS VOCÊ
"Ferris Bueller's Day Off" (John Hughes, 1986)
Eu confesso que tenho uma preguiça imensa desses filmes de adolescente dos anos 80 e 90 (de todas as épocas, na realidade). São narrativas que costumam ser tão esvaziadas de sentido que a maior parte das vezes não vale nem a pena conferir, pois só gera decepção. "The breakfast club" que o diga! E mesmo esse filme tendo elementos que me atraem, como o fato dele quebrar a quarta barreira, eu nunca me senti verdadeiramente impelido a curti-lo adoidado.
DIA 22 - TE FAZ CHORAR DE SOLUÇAR
"To kill a mockingbird" (Robert Mulligan, 1962)
Uma categoria que eu tive de subverter um pouco o sentido, pois confesso que nunca chorei vendo um filme. Meu grau de sensibilidade não chega à tanto. Contudo, houveram filmes que muito me emocionaram e, talvez, o que tenha chegado mais perto de me fazer esboçar alguma balbucia foi, definitivamente, essa adaptação do livro do Harper Lee. Simplesmente belíssimo!
DIA 23 - TE FAZ REFLETIR SOBRE A VIDA
"Seul contre tous" (Gaspar Noé, 1998)
Os filmes do Noé não são fáceis. Lembro de quando assisti "Irreversible" e fiquei com ele na cabeça por pelo menos uma semana. Ainda assim, esse filme tem todo um quê especial. Ao observá-lo com cuidado e reparando todas as nuances que compõem os dilemas da mente perturbada do personagem principal, você consegue traçar paralelos bizarros entre as suas divagações e a vida real. Há momentos em que essa espécie de reflexão inóspita te joga no chão e te dá um soco no estômago. É o tipo de filme que, goste ou não, vai te marcar de alguma forma.
DIA 24 - TE FAZ QUERER VIAJAR
"Back to the future" (Robert Zemeckis, 1985)
Essa foi a única categoria em que eu fiquei um tempão tentando escolher algum filme, mas nenhum me vinha à cabeça. Pessoalmente, eu não possuo um instinto aventureiro, então esses filmes de viagens de mochilão e respectivos não me produzem uma propensão a viajar nem nada do gênero (embora, cabe a ressalva, eu adore muitos destes filmes, tal como "Wild", de 2014). Foi por isso que resolvi subverter um pouco as regras e interpretar "viagem" como "viagem no tempo" e colocar um clássico do gênero, pois como um "bom" (e coloque muitas aspas nisso!) historiador que sou, considero perscrutar o passado uma aventura deslumbrante.
DIA 25 - MUSICAL QUE VOCÊ CANTA TODAS AS ♪♫
"Moulin Rouge!" (Baz Luhrmann, 2001)
"There was a boy...". Para além da beleza narrativa e estética desse filme, visível à qualquer um, "Moulin Rouge!" possui um lugar especial nessa lista, pois foi o filme responsável por romper com um pré-conceito que eu tinha com filmes musicais. A confluência entre a trilha e a trama é tão bem moldada que, à primeira vez que assisti, encantei-me absurdamente.
DIA 26 - COMÉDIA QUE MAIS TE FAZ RIR
"Monty Python and the Holy Grail" (Terry Gilliam & Terry Jones, 1975)
Comédia... está aí um gênero que eu tenho dificuldade de gostar. Confesso que não sou das pessoas mais risonhas do mundo. Ainda assim, o humor debochado e, muitas vezes, nonsense, que esse grupo britânico pratica me causa ataques de risos que nem eu mesmo consigo entender. Quando os conheci anos atrás, por meia da indicação de minha amiga
Gabryela Martins, não dava nada pelo filme, mas entendi todo o carinho que ela tinha pelos filmes desse grupo. E agora tragam-me um shruberry... Ni!
DIA 27 - TEMÁTICA LGBT
"The normal heart" (Ryan Murphy, 2014)
Existem muitos filmes com essa temática (alguns mais cultuados como "La vie d'Adèle" ou outros mais fortes como "Boys don't cry"), mas resolvi escolher esse filme (mesmo ele não sendo nem de longe tão bom, tecnicamente falando, quanto esses outros que acabei de citar) por conta da discussão que ele traz acerca do contexto histórico que ele abarca e a experiência vivenciada pelos homossexuais à época, demonstrando de maneira acentuada os reflexos de uma sociedade intensamente marcada por juízos atrozes.
DIA 28 - FILME QUE ODIOU
"Sombre" (Philippe Grandrieux, 1998)
Ah, esse daria o que falar... é, sem dúvida, a categoria que eu tenho mais certeza da escolha. Lembro quando conheci o filme, anos atrás, por meio de uma resenha que li num blog que não me lembro mais qual é. O autor dizia, lembro-me, das influências estruturalistas e da montagem russa. Da utilização de simbolismos interpretativos e tendências estéticas inspiradas na nouvelle vague. Fazia ele, em substância, um ode tão grande ao filme que me provocou interesse e busquei encontrá-lo para assistir. Quando o vi, contudo, foi uma decepção tão grande que só o que pensei é que aquele cara devia estar muito chapado quando escreveu aquela resenha, porque só uma mente muito tresloucada pra enxergar tanta referência numa história bizarra de um cara que tem um relacionamento abusivo com uma mulher e que ficam nesse vai-e-vem narrativo durante mais de uma hora.
DIA 29 - FILME CLÁSSICO
"Det sjunde inseglet" (Ingmar Bergman, 1957)
Existem filmes que, para qualquer cinéfilo, são "obrigatórios". Este, pra mim, é um deles. A genialidade com que o Bergman desenvolveu o seu conceito de diálogo com a morte foi tão bem elaborado que arrisco dizer, sem medo, que esse é o filme com mais camadas de reflexão e possibilidades de absorção de uma investigação psíquica que uma obra cinematográfica já conseguiu realizar. É, sem dúvida, um marco para história do cinema!
DIA 30 - FILME QUE TODOS DEVERIAM ASSISTIR
"Sous le soleil de Satan" (Maurice Pialat, 1987)
Ainda me pego decepcionado toda vez que lembro que ainda não li o livro do Bernanos, que serviu de inspiração à este filme. A viagem que o Pialat faz, através do personagem principal, às profundezas da natureza humana e toda sua fraqueza é de uma maestria insuperável. Seu exame é tamanho que, durante a película, percebemos não só uma pessoa sendo exposta, mas todas as contradições de uma alma em agonia sendo desnudadas. De uma eficiência tal que, sobremaneira, nos faz lembrar da pequeneza inerente que nos compõe...