segunda-feira, 27 de junho de 2016

Thriller Night #6: Demon (2015)

Capa do filme.
A exemplo de A Bruxa, essa produção de terror polonesa também traz uma abordagem artística e menos caricata do que encontramos por aí no mainstream do meio cinematográfico. 

Além disso, o longa incorpora elementos culturais da sociedade polonesa, o que contribui em muito para um tom de classicismo que permeia boa parte do enredo de Demon.

Último filme do diretor polonês Marcin Wrona - que morreu pouco antes do filme estrear no seu país de origem (que depois veio a ser declarado pela polícia como um suicídio por enforcamento) - Demon traz uma interpretação do mito judaico dybbuk, que no filme se manifesta como um espírito que invade uma festa de casamento.

A história gira em torno de Piotr e Zaneta, casal que está prestes a se casar. Vindo da Inglaterra para morar com sua futura esposa, Piotr descobre - ao cuidar do solo - uma porção de ossos enterrados, que parecem ser o ponto inicial de uma série de acontecimentos estranhos. 

Conforme tais acontecimentos vão sendo mostrados, os pais da noiva começam a fazer os convidados beberem, para que eles não lembrem de tais acontecidos. Ao mesmo tempo que isso ocorre, os diálogos do longa começam a se tornar mais ambíguos e ininteligíveis, como que se o diretor quisesse provocar aos seus espectadores o mesmo sentimento de vertigem dos convidados da festa.

Com o transcorrimento do longa, as evidências de um suposto espírito na festa começam a se tornar mais fortes, mas em nenhum momento o diretor deixa de lado a interpretatividade da narrativa, que permanece com o filme até o final. Demon oferece um tipo de justaposição em que se pode ter tanto uma interpretação mística quanto lógica dos fatos ocorridos, tudo isso fortalecido pelo enigmático final do filme.

Agraciado com uma ótima atuação do ator israelense Itay Tiran e uma fantástica trilha-sonora composta pelo igualmente fantástico músico erudito Krzysztof Penderecki, também responsável pela trilha-sonora de filmes como O Exorcista (1973) e O Iluminado (1980), Demon é mais uma grata surpresa do gênero em meio a tantas produções tacanhas da contemporaneidade.

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