domingo, 22 de maio de 2016

Thriller Night #5: A Bruxa (2016)

Capa do filme.
Antes de assistir A Bruxa, tenha em mente o seguinte: este filme traz uma abordagem bastante diferente do padrão batido das produções de terror contemporâneas. Assista-o com esse pensamento e entenda o porquê de A Bruxa estar sendo disseminado como um filme de "terror artístico".

Diferentemente das encaixotadas abordagens do terror contemporâneo (alô, James Wan!), A Bruxa prima pela premissa de usar o oculto como força na narrativa, e é justamente aí que está o maior mérito da trama. 

Como a própria capa do filme (imagem ao lado) sugere: "o mal assume muitas formas", a sombriedade que impera no filme não tem um fator primário explícito. O poder sugestivo do filme ocasiona uma experiência sinestésica muito mais arrebatadora do que se possa imaginar.

O clima claustrofóbico da película está altamente ligado à fotografia cinzenta (melancólica e inóspita) e a trilha-sonora angustiante (precisa e sem usar do exagero gritante para causar sustos fajutos). A narrativa do filme possui uma atmosfera pessimista e visceral, resultando em um transtorno psicológico que domina do início ao fim.

Black Phillip, uma das possíveis/prováveis formas do Mal.
Além de tudo isso, o filme ainda abre espaço para um debate com relação ao papel da sexualidade feminina e as restrições religiosas impetradas pela Igreja na época. Os diálogos se transvestem em uma crítica ao fervor religioso desacerbado que ainda impera em muitas civilizações modernas, ressaltando que mesmo um grupo de pessoas extremamente devotas podem esquecer os preceitos bondosos de um suposto Deus e até mesmo abandoná-lo... se é que existe tal divindade.

E tudo isso culmina em um desfecho com um clímax maravilhoso. Sua tensão e obscuridade narrativa são um alento para todos os fãs que já estavam saturados do uso de artifícios batidos como o jumpscare barato e o didatismo narrativo. Praticamente impecável, A Bruxa - um dia - se tornará um grande clássico do gênero.

domingo, 1 de maio de 2016

Dedo de Prosa #8: Capitão América - Guerra Civil (2016)

Capa do filme.
Capitão América: Guerra Civil não poderia chegar aos cinemas em momento mais oportuno. Em um mundo dominado por polarizações, Guerra Civil chega para agregar mais uma disputa ao emaranhado de guerras ideológicas e físicas que tomam o mundo.

E é - talvez - por ter uma abordagem tão fascinante do ambiente vivido pelos personagens que o filme se sobressai. As telonas não exibem apenas um filme, mas um embate galgado em questões filosóficas como moralidade e altruísmo. Tudo isso ocasionado devido a um roteiro tremendamente preciso e uma narrativa densa e profunda.

Mas afinal, quem está correto no conflito? O Homem de Ferro, que aceita sofrer certas restrições no que concerne às atitudes dos heróis com relação a humanidade; ou o Capitão América, que considera ultrajante tais mordaças às pessoas que tanto fizeram pelo bem-estar da humanidade?

É completamente perceptível que - olhando friamente - a ideia de que ambos os lados defendem proposições "corretas" e com argumentos razoáveis se manifeste como opção mais palpável. Uma lição para nossas vidas, se encararmos com esse espírito.

Mas ao que concerne o filme em si, não há muito do que reclamar. O filme transcorre de forma coesa e dá espaço para que praticamente todos os personagens tenham "momentos de holofote" em cena, não desqualificando a importância dos coadjuvantes da trama. A desenvoltura dos atores com o papel que desempenham é bastante satisfatória e proporciona ao expectador muitas cenas marcantes (muitas de teor cômico, protagonizadas especialmente pelo Homem-Aranha e o Homem-Formiga).

A sensação que passa é que finalmente a Marvel fez um filme maduro, com uma temática interessante e uma abordagem responsável e intrigante. Eu - que sou declaradamente um crítico voraz à masturbação cinematográfica deste meio que envolve os super-heróis - me sinto grato pela surpresa que o filme me causou. A expectativa é que de agora em diante a Marvel não perca a mão e volte a fazer coisas tacanhas como "Os Vingadores 2: A Era de Ultron".