terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Dedo de Prosa #6: Star Wars VII - O Despertar da Força (2015)

Capa do filme.
O Despertar da Força. Eis que surge o título do novo filme da saga cinematográfica mais bem sucedida de todos os tempos. O prenúncio do desejo de toda uma geração iria se tornar real. Finalmente, poderíamos ter a experiência de assistir um filme de Star Wars nas telonas pelo mundo afora.

De forma tremendamente respeitosa e digna, J. J. Abrams e Disney trataram o projeto com muito cuidado. Além de apresentarem características clássicas dos episódios IV, V e VI (77, 80, 83), eles foram exitosos ao fomentarem a inserção de personagens demasiadamente marcantes, que certamente criarão milhares de fãs ao redor do mundo.

Os efeitos especiais são lindíssimos, muito diferente do aspecto artificial expresso nos episódios I, II e III, ou das remasterizações atrapalhadas da primeira trilogia. Fica claro o interesse em formar um universo mais "real", embora toda a atmosfera fantástica presente.

Tudo isso sem contar o tom nostálgico e emocionante de presenciar Han e Chewie novamente na Millenium Falcon... o reencontro de Han e Leia... tudo converge em uma simbiose de sentimentos sem igual. Tudo orquestrado magnificamente (como não podia deixar de ser) por John Williams.

A sensação que fica é que não é apenas a Força que desperta, mas toda a paixão de fãs e admiradores da franquia que retoma um vigor descomunal. Ao terminar o filme, está expresso nos olhos de cada espectador uma sensação de "quero mais", um sentimento que nos acomete de súbito. Talvez, afinal, seja essa a tão falada "força": o desejo irrefreável de acompanhar os novos capítulos de Star Wars.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Sem Mais Delongas #6: O debate e a "retórica" política.

(ou de como é fatigante ser respeitoso)


Como grande admirador de filosofia que sou, acabei me tornando um contundente defensor da arte da dialética. Do diálogo saudável; da troca de ideias frutífera. Acima de tudo, penso que o respeito às posições contrárias é o primeiro passo para se constituir uma discussão sadia que terá como principal fator o engrandecimento intelectual de todos os participantes.

Contudo, o que se vê em prática no Brasil é a imagem de um cenário esdrúxulo. Torna-se comum, a cada dia, a aferição pejorativa das pessoas por suas posições. Passou-se a um patamar banal o fato de se julgar alguém pelo que pensa. Tornamo-nos juízes afirmadores do ódio; da animosidade. Carregamos em nós um caráter de aversão à todos aqueles que se manifestem contrários ao que pensamos. Pois somos os "donos da razão" e não há quem possa contestar isso.

Portamo-nos como crianças birrentas e parecemos não perceber isso. Torna-se a política, que já é vista com grandiosa aversão (devido a sujeira generalizada no ambiente governamental), numa ferramenta ainda mais atroz. E nós fazemos parte disso, ao deixar que sejamos entregues a todo esse bacanal intelectual.

Somos nós os prejudicados com tudo isso. Enquanto as polarizações e o rancor crescem, a vontade de quem quer realmente mudar alguma coisa diminui. Torna-se difícil externar o que quer que seja, sabendo que estaremos sendo subjugados a qualquer instante. Faz parecer que sábios mesmo são aqueles que se mantêm em silêncio, enquanto os corajosos sofrem com a merda sendo jogada em seus rostos.

Somos, afinal, meros espantalhos? Em qual momento erramos para chegar neste ponto, onde um simples dizer constitui o "direito" de um julgamento difamatório?

Fazemos com que pareça que somos a escória intelectual de toda uma geração, ao menos no que se refere ao meio político. Se há algo que deve primar em qualquer conversação é a disposição em entender as colocações que nos são opostas, só assim seremos honestos intelectualmente. Se isso não ocorre, talvez o melhor seja sermos sábios ao modo de Sócrates: assumindo que somos ignorantes.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Dedo de Prosa #5: A Esperança - O Final (2015)

Foto promocional do filme.

A franquia estrelada por Jennifer Lawrence chegou ao fim, para a tristeza de seus fãs e a alegria de muitos odiadores da saga. Eu, particularmente, nunca vi nada demais na franquia. Tudo me parece uma grande tentativa de idealizar um governo autoritário da forma mais infantil possível. Um tipo de (perdoe-me Orwell) "1984 para crianças".

Mas o que esperar deste último capítulo da saga Jogos Vorazes? O final de A Esperança é uma repetição categórica de clichês e cenas previsíveis. A atuação da tão supervalorizada Jennifer Lawrence consegue ser a pior de toda a franquia, fazendo sua personagem: Katniss Everdeen, parecer uma garota insossa e sem nenhum atrativo marcante que se pode imaginar em um personagem envolto neste tipo de enredo.

O triângulo amoroso composto por Gale, Katniss e Peeta entedia do início ao fim. Sem contar as diversas sequências de cenas com frases piegas expressas pelo "casal" Peeta e Katniss.  A ausência da tensão (característica que marcou os dois primeiros longas da franquia) e o maniqueísmo barato do filme também não contribuem.

Toda a trama é discorrida de forma lenta e cansativa, com planos exaustivos que se tornam ainda mais difíceis de assistir pelas atuações fracas do elenco. A premissa de abordagem política se prende a uma narrativa maçante, não elaborando com maior acuidade aspectos desfavorecidos pelo plano de fundo psicológico dos personagens. Acaba que, o resultado que se pode extrair deste último filme da franquia, é que de voraz o filme só tem o nome. 

domingo, 6 de dezembro de 2015

Dedo de Prosa #4: A Visita (2015)

(a redenção de Shyamalan).


Capa de A Visita.
Há um bom tempo que M. Night Shyamalan se tornou - para mim - um daqueles casos de diretores que só fazem um filme que preste e depois fazem com que sua carreira se torne uma sucessão de fracassos. Devido a isso, quando eu li que Shyamalan iria fazer um thriller de baixo orçamento ambientado em gravações ao estilo found-footage, não tive como conter a minha primeira impressão de que viria mais um filme fraco pela frente. Quando - posteriormente - foi divulgado o trailer, esta minha primeira impressão apenas se intensificou. Contudo, em uma grata surpresa, o filme se mostrou ser muito mais que eu esperava.

Apesar de agir em um gênero de apelo fácil, Shyamalan traz uma película que não se limita apenas ao point-and-shoot e a estética amadora que impera em praticamente todos os filmes desse gênero. Não. Ele se propõe a trazer uma narrativa focada em uma tensão inerente aos enquadramentos rodados. Os personagens chegam, inclusive, a "enaltecer" o espaço. Tal característica faz com que a gravação em si se manifeste como um personagem. 

O enredo transcorre de forma claustrofóbica. Por mais que A Visita não possa ser considerado um filme assustador, o grau de tensão psicológica que é colocado nos personagens e nos acontecimentos que povoam a tela é atordoante. Os personagens principais - duas crianças - fizeram uma excelente atuação, onde ambos participam ativamente, sem esquecer que são eles próprios os responsáveis pela filmagem do longa.

Resultado: Shyamalan conseguiu tirar de um "último tiro" a sua possível redenção. Neste terrível ano que foi para o gênero terror, pode-se afirmar que A Visita figura entre os melhores filmes do gênero no ano. Um filme cômico (podendo até ser considerado como um "terrir") e angustiante, feito de forma simples e nas doses certas. Um último suspiro para uma carreira quase findada no cinema.