terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sem Mais Delongas #2: A Felicidade Niilista

O que é felicidade? O dicionário diz que felicidade “é o estado de uma consciência plena de satisfação, contentamento e bem estar”. Provavelmente, cada pessoa que resolver responder a esta pergunta apresentará uma resposta própria, pois a felicidade, num certo sentido, é algo individual, pessoal e intransferível.

A felicidade é um dos temas mais debatidos e analisados durante toda a história, muitos filósofos se dedicaram a analisar a felicidade, chegando a diversas teorias, todas com seus argumentos definidos. Segundo Nietzsche, não existe estado pleno de felicidade e sim momentos felizes que podem ser prolongados ou não, a felicidade é algo além do indivíduo, pois as pessoas em si se preocupam em desejá-la e não em possuí-la.

Afinal, para que serve a felicidade? Em suma, não serve para quase nada, muitos indivíduos têm essa necessidade de definir uma idealização de que a felicidade é necessária para a existência, tentam apregoar a ideia de que por simplesmente estarmos vivos já temos de estar felizes, outros tentam colocar um louvor divino como sinal de felicidade. Todo esse conceito é falacioso, há uma grande confusão no que diz respeito ao “ser” e “estar”. Nenhum indivíduo é feliz, ele simplesmente está feliz. Ele se encontra feliz num determinado momento. Já dizia Marcel Proust: “a felicidade serve apenas para tornar a infelicidade suportável”.

As pessoas não são números. São pessoas: distintas, irrepetíveis. E aquilo que as torna felizes, ou infelizes, varia de caso para caso, e, mais ainda, de momento para momento. A felicidade não pode ser pluralizada, como ocorre em determinadas circunstâncias, determinado indivíduo pode estar feliz, mas o indivíduo ao seu lado pode não estar, a generalização desta é errônea.

Essa ideia de felicidade imposta, plástica, quase compulsória a que são submetidos os indivíduos da sociedade, é pútrida, a felicidade em seu âmbito geral é a principal razão para o descontentamento, a tristeza e a infelicidade, pois estes mesmos indivíduos simplesmente a desejam, e como a felicidade é um estado momentâneo, a decepção ao vê-la se dissipar é demasiadamente desconfortável. Já dizia Tom Jobim: “tristeza não tem fim, felicidade sim”.

A vida não é feliz, a vida é sofrível. A solução que se encontra para tal questão é que não se deve buscar a felicidade, pois a vida é infeliz. A felicidade se apresenta como uma lacuna em uma existência que por sua essência é infeliz. Deve-se usufruir dos momentos felizes e aprender a lidar com a infelicidade que é arraigada nos indivíduos na maioria dos momentos, só assim se pode estar feliz.

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