quarta-feira, 20 de maio de 2015

Sem Mais Delongas #3: Pornografia - arte ou vulgaridade?

Para iniciar, devo salientar que ao me referir a pornografia, não me refiro apenas a filmes pornográficos, mas a todo tipo de expressão sexual explícita que venha a ter um cunho artístico. Pintura, fotografia, literatura e demais outras formas de arte podem ser colocadas nesta categoria.

A expressão explícita do sexo é uma temática que durante os séculos foi abordada como uma desonra, algo digno de vergonha. Um ato, muitas vezes, tratado como algo feito apenas por sodomitas perversos ou coisas do gênero. E nos tempos atuais a ladainha continua a mesma. Assusta-me, de imediato, que um ato tão comum e inerente ao ser humano possa ser tratado com tamanha ojeriza. 

Embora muitos digam que a sociedade (falo prioritariamente do Brasil, pois é a sociedade na qual convivo) tenha alcançado níveis de libertinagem que beiram ao inexpressivo, o que se vê na prática não é exatamente isso. 

Os ditos pudicos e conversadores tentam corroborar a ideia (muitas vezes com argumentos de cunho religioso) de que o sexo é algo "sagrado", que deve ser preservado e blá-blá-blá. As amarras "morais" impostas em uma sociedade de séculos atrás ainda é sustentada por um punhado de asseclas que fazem dessa linha de pensamento retrógrada sua bússola moral, e isso é algo muito surreal.

Arte, por definição, é a expressão de uma percepção ligada aos instintos. É a forma de expressar em algo uma emoção ou ideia. Sendo assim, o sexo em si é uma expressão de arte legítima. Julgar-se-á a pornografia como algo que não transmite nada àquele que a absorve? Não. Ela transmite prazeres e desejos. Ela explora, através do sexo, a mente daquele que a percebe.

Artistas como Mihály Zicky, Milo Manara, Lawrence Donald Clark e demais outros são representações de pessoas que buscam explorar o sexo e o corpo humano como uma forma de expressão artística. Onde se busca não somente mostrar a naturalidade da sexualidade, mas também explorar as excentricidades do ato sexual.

A "vulgaridade" vista na pornografia é muito mais o reflexo do conservadorismo ainda presente na sociedade a respeito desse assunto do que propriamente com o ato sexual em si. Pornografia: arte ou vulgaridade? Particularmente, a considero como uma arte vulgar.
_____________________________________________________________________________

Pornografia no cinema: a introdução do filme Deep Throat (Garganta Profunda) no mainstream, em 1972, provavelmente é o principal marco para a existência da indústria pornográfica mundial (esta que é uma das indústrias mais lucrativas do mundo). 

Desde o ingresso de Deep Throat, muitas das amarras que cerceiam a liberdade sexual foram rompidas. Porém, nem tudo são flores. Os realizadores do filme foram execrados por boa parte da população dos EUA e pelo então vigente governo Nixon, altamente "moralista" e defensor dos "valores familiares".

Ainda hoje pode-se encontrar em vários lugares pessoas que tratem alguém envolvido nesse tipo de atividade como uma pessoa devassa. A fala "toda atriz pornô é puta" ainda é muito disseminada pela sociedade. Os consumidores desse tipo de material são vistos como pervertidos. Essa luta incessante para cercear a liberdade sexual continua. 

Até quando seremos vítimas dos "valores familiares"?  Dos ditos "bons costumes"?

Nenhum comentário:

Postar um comentário