terça-feira, 9 de junho de 2015

Transgressividade #7: Singapore Sling (1990)

Cáustico, mas brilhante. Singapore Sling é um daqueles filmes únicos na história do cinema, um filme que faz jus a fama da indústria cinematográfica grega. Repleto de cenas de perversão, Singapore Sling é uma película onde se pode encontrar de tudo: incesto, pedofilia, sadomasoquismo, cenas de vômito, culto à morte, canibalismo e diversas cenas fetichistas.

Ao exemplo de muitos filmes, Singapore Sling é um filme que não nos deixa claro qual o propósito de ter sido gravado. Na mesma linha de Subconscious Cruelty, essa película parece ter como única e exclusiva intenção chocar o espectador e mostrar ao mundo todos os podres da humanidade.

Gravado em preto e branco (lembrando o noir americano), com uma fotografia belíssima, uma trilha-sonora que remete ao romantismo clássico e atuações magníficas dos três personagens (especialmente da atriz Meredyth Herold, que faz o papel da filha), Singapore Sling entra para a lista dos melhores filmes já realizados na cena underground.

O Enredo:

Em uma mansão, duas mulheres (mãe e filha) vivem rodeadas por um cenário de perversão. A filha, quando menina, foi incluída nessa redoma de perversão por seu próprio pai, que tirou sua virgindade aos 11 anos. Após a morte do homem, mãe e filha resolvem dar prosseguimento as cenas atrozes.  

A mãe contrata serviçais que servem de instrumento para satisfazer os desejos e fetiches das duas. Apos usá-los, ela os mata, os devora (estripando o corpo e usando os órgãos como alimento) e, por último, os enterra.

Até que, um dia, um detetive fracassado aparece procurando por sua amada chamada "Laura", que foi trabalhar na mansão das duas mulheres e depois disso, desapareceu. O detetive, apelidado por elas de Singapore Sling (em 'homenagem' a famosa bebida, cuja receita estava em seu bolso) é colocado em cativeiro.

Sendo submetido a satisfazer os caprichos sexuais das duas mulheres, que transam entre si. Em uma das principais cenas do filme, a mãe transa com o detetive preso à tiras de couro enquanto o mesmo é eletrocutado. Para finalizar (com chave de ouro), ela ainda urina no rosto do homem (imagem abaixo).
Mãe, mijando em "Singapore Sling".
No decorrer do filme, a filha (que parece sofrer de esquizofrenia) intercala momentos onde parece assumir o papel de Laura, deixando em aberto a suspeita do detetive, que já não se encontra mais em um estado de sanidade plena. E assim a história continua, formando - entre cenas bizarras e obscenas - uma experiência cinematográfica excitante e hermética, onde o sexo e a perversão intercalam seus ápices. 

Não comentarei sobre o desfecho da trama, pois à ele não cabe uma mera avaliação grosseira. Deixo a cargo do leitor que tenha a curiosidade de assistir e se juntar aos apreciadores deste que é, independente da carga transgressora, um dos filmes mais provocantes que existem.
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Comentário do diretor e roteirista de Singapore Sling sobre o filme:

"Quando eu estava filmando Singapore Sling, eu estava sob a impressão de que estava fazendo uma comédia com alguns elementos da tragédia grega antiga. Mais tarde, quando alguns críticos europeus e americanos o caracterizaram como "um dos filmes mais perturbadores de todos os tempos", eu comecei a sentir que algo estava errado comigo. Então, quando a censura britânica proibiu a exibição do filme nas salas de cinema britânicas, percebi que, afinal, algo deve estar errado com todos nós."

- Nikos Nikolaidis

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