quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Thriller Night #1: Gurotesuku (2009)

Capa de Gurotesuku.
Sejam bem-vindos ao novo quadro deste choruminoso blog. "Thriller Night" terá uma edição todo mês e falará sobre filmes de terror/horror, com uma proposta de narrativa mais impessoal e despojada (embora eu saiba que não vou conseguir fazer isso). Se você curte a temática, espero que goste do que vou lhe apresentar aqui.

Pensei por um tempo sobre qual filme iria falar nesta primeira edição do quadro. Quem me conhece, sabe que prefiro MUITO mais os filmes de horror que são voltados para violência. Esses filmecos de demônio de quinta categoria que se espalham pela sétima arte, me causam urticária. Tendo dito isso, fica claro (apenas pela capa) o porquê do escolhido ter sido Gurotesuku (mais conhecido internacionalmente pelo título em inglês: Grotesque). Mas, deixemos de enrolação e vamos ao filme.

Se me pedissem para adjetivar essa película, eu não conseguiria pensar em nenhum melhor adjetivo do que o próprio título: "grotesco". O filme, que se desenvolve - quase que inteiramente - em uma sala de tortura, é uma sucessão de cenas doentias e insanas. Contudo, o filme não é só isso. Durante o transcorrer da história, é notório a 'insistência' do torturador com o diálogo ocorrido entre o "casal" antes de serem capturados.

Mas, aí você me pergunta: em quê caralhos consiste esse diálogo? Basicamente, a moça - logo após ter o primeiro encontro (sim, o primeiro!) com o rapaz - pergunta se ele morreria por ela (bem frase de romance do século XIX, não?). Motivado por isso (ou talvez não, como indica o final do filme) o torturador os ataca.

Já capturados, o casal acorda em uma sala escura, presos por correntes à uma 'cama' de metal. Logo de início, o torturador aplica seu primeiro golpe, perfurando o corpo do rapaz com um objeto pontiagudo. A partir daí, o roteiro - bastante propício - nos mostra o 'caminho' que trilharemos durante o filme. Segundo o próprio torturador, tudo o que ele quer é que os dois o excitem com sua vontade de viver. E é isso que ocorre.

Ele abusa sexualmente dos dois, numa das cenas do gênero mais icônicas da sétima arte, onde ele faz com que um assista a barbaridade que ele faz com o outro. Ele arranca os dedos de ambos (deixando apenas o polegar) e cria dois colares de dedos, para que um use os dedos do outro no pescoço. Ele decepa dezenas de membros, como, por exemplo: os mamilos e o braço da mulher, o olho do homem, além de - acredite se quiser - pregar três pregos (parecidos com aqueles usados na crucificação de Cristo) nos testículos do rapaz. Mas... o ápice só é alcançado quando ele decepa o pênis do rapaz, que faz isso para salvar a pele da sua amada. "Eu senti estimulação sexual", diz o torturador. E assim se encerra a sessão de tortura (será mesmo?).

Mas o que não ficou claro nas últimas linhas é que: todas as barbáries cometidas pelo torturador são estimuladas pelo amor do rapaz, que na ânsia por tentar salvar sua amada, se rende para tudo o que lhe possa acometer. Como eu disse no meu último post (que você pode ler aqui): afinal, até onde vai o limite do amor? Realmente é justificável qualquer atitude sob a "luz do amor"?

Bom... voltando. Depois de conseguir o que queria, o torturador trata dos ferimentos do casal e todo o ambiente caótico e sombrio do filme se transforma. Prometendo libertá-los assim que os ferimentos estejam totalmente curados, ele começa a tratá-los da forma mais cortês possível, afirmando que se entregará para a polícia e deixará para eles sua fortuna de 700 milhões de yens (moeda japonesa).

Contudo, qual o problema em tirar mais um pouco de ouro do pote? Contrariando sua promessa, ele os leva de volta à sala de tortura, onde resolve fazer uma nova experiência. "Agora poderá provar se está preparado para morrer por ela", diz ele. Ligando as tripas do rapaz à um gancho, ele explica que o rapaz terá de ir andando (com suas tripas pra fora) até onde a sua amada se encontra. Contudo, as tripas dele só alcançam até um determinado lugar. Chegando lá, o rapaz encontrará uma tesoura, que usará para cortar suas tripas. Após isso, basta que ele corte as cordas que prendem sua amada e ambos estarão livres.
Rapaz cortando suas tripas para salvar sua amada. Ah, o amor...
Porém, o rapaz não consegue. Quando estava muito próximo a conseguir, ele desmaia.O torturador, insatisfeito com o desfecho de seu 'jogo', resmunga: "Acabou? Que patético!". Sem poder extrair mais nada do rapaz, ele volta sua atenção para moça. "Mostre-me sua vontade de viver", diz ele, mas ela já não aparenta mais ter alguma vontade de viver. Após despejar toda sua repulsa em cima do torturador, tudo acaba em uma sucessão de acontecimentos caóticos.

Agora você me pergunta: tá, mas em quê esse filme vai acrescentar pra mim? Em suma, nada. Diferentemente de outros filmes bestiais que já falei aqui, nesse não há um significado oculto ou algo de conceitual, é apenas isso. Gurotesuku é um filme doentio, feito para pessoas que gostam de assistir esse tipo de atrocidade. Se você não é uma delas, assistir estas cenas chocantes pode se tornar algo perturbador. Portanto, pense bem antes de tentar.
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Últimos comentários: Gurotesuku tem uma trilha-sonora lindíssima, o que contrasta inteiramente com a atmosfera bestial do filme. Embora não seja gravado em primeira pessoa e não tenha as características de um snuff movie, esse filme espanta pela aparência crua e realística que suas cenas apresentam.

4 comentários:

  1. Li alguns textos seus agora a noite, e esse foi o que de fato fez com eu me contorcesse de angústia ao imaginar as cenas descritas desse filme. Descobri seu blog agora pouco pesquisando o que seria o "Swap.avi", mas esse filme daqui, que até hoje eu não tinha ouvido falar, nem mesmo em nenhuma das listas que fazem de "Mais perturbadores" ou "Mais Polêmicos" eu tinha ouvido alguma menção.

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    1. Não é um filme muito conhecido realmente, mesmo no meio dos admiradores deste 'universo cinematográfico'. A gráfica do filme é chocante demais, até pra quem já está "acostumado".

      Quanto a "Swap.avi", acho que é muito relativo. Eu até consigo assistir um filme que contenha uma ou outra cena de coprofagia, como "Salò", por exemplo. Mas o filme inteiro só disso é demais pra mim. Essa nojeira me incomoda muito mais do que assistir um filme unicamente de tortura, como "Guinea Pig: Devil's Experiment", por exemplo. Mas talvez com outra pessoa o impacto seja menor. Enfim...

      Agradeço, humildemente, o feedback. Honra-me com a inclusão deste modesto blog como um de seus "blogs parceiros"; minha sincera gratidão. Saudações, Homem Subterrâneo.

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    2. Antes eu tinha mais estômago para conferir filmes assim. Anos atrás eu havia assistido "Anticristo", sem ler nada sobre previamente, e apesar de algumas cenas chocantes, a simbologia delas era o verdadeiro terror. Depois que vim saber que o filme era "Polêmico" e pertubador, talvez se eu tivesse lido sobre o que se tratava antes, não teria assistido pelo "medo" construido antes da experiência em sí. Sempre assisti filmes de "terror", o que de fato tirou meu sono foi "O Iluminado", e não digo "tirar o sono" de forma metafórica, ou como hiperbole, digo sonhar bastante com isso. Depois desse filme, fiquei com uma espécie de "vulnerabilidade psicológica" para filmes desse tipo.

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    3. "Anticristo" é talvez o filme mais sombrio e carregado do Lars Von Trier. Provavelmente um dos seus filmes mais desafiadores.

      Quanto a "O Iluminado", compreendo o que disse. A "metamorfose" característica do personagem interpretado pelo Jack Nicholson é uma jornada bastante pesada de se conferir, com todo aquele choque técnico que o Kubrick sabia fazer.

      E creio que por aspectos parecidos - e acredite, não é piada - "A Orfã" tenha sido o filme que mais me deixou em um certo estado de instabilidade emocional.

      Mas o importante é saber digerir e não se deixar perder nestas sensações, rs. Afinal, a expressão cinematográfica da arte é uma experiência sinestésica que busca isso: trabalhar o sensorial.

      Saudações, Homem Subterrâneo.

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