Capa do filme. |
Antes de começar minha peroração sobre o filme com mais indicações do Oscar desse ano, considero importante ressaltar um segundo fator, a fim de que algumas coisas sejam melhor esclarecidas: eu não aprecio, de uma forma geral, o trabalho do diretor mexicano Guillermo Del Toro.
Seus filmes fantasiosos, sempre com intuitos simbólicos, costumam me causar um certo tédio, trazendo à minha memória uma espécie de produção equivalente a um Tim Burton com um visual mais "clean".
De todo modo, apesar de possuir um certo receio com relação ao diretor (e com o número de indicações que o filme recebeu no tão famigerado Oscar - que para mim ganhou um status pejorativo), procurei assisti-lo da maneira mais despojada de pré-conceitos que consegui. Agora vamos ao que interessa...
O filme começa com uma atmosfera bem leve, contrastando, em suas nuances, com o enredo mais pesado que ali está sendo tratado. O clima de sobriedade da trilha, as cores cintilantes e as entrelinhas interpretativas da personagem principal - Elisa (Sally Hawkins) - costuram todo aquele panorama característico (e um tanto clichê) do cinema hollywoodiano, sempre priorizando as catarses psíquicas nos seus tons narrativos em relação ao aspecto mais visceral das verdades cruas de um cinema menos delirante.
Assim sendo, a iconografia que se pode pintar - ao menos no seu "prólogo" - é a construção de apenas mais um filme piegas, com apelações emotivas e eventuais críticas (para o deleite de toda a intelligentsia hollywoodiana) ao paroxismo sensorial proporcionado pela produção material e a formação de uma caricatura (já batida, diga-se de passagem) do Tio Sam vilão, no contexto da guerra fria.
Contudo, conforme o transcorrer da trama (não seria melhor dizer fábula?) se desenvolve e as nuances narrativas são sedimentadas, uma trama que excede os vícios da construção cinematográfica já pausterizada por Hollywood e sua mentalidade geral de boa selvageria começa a se construir, possibilitando que se tente - ainda que à duras penas - apreciar um pouco o resultado final do filme.
Por mais que o tom da narrativa acabe por, consequentemente, aderir aos velhos mecanismos de apelação psicológica (alô, Spielberg!) e construir um romance que, da maneira que se desenvolveu, decorra em diversos cacoetes dramáticos já estereotipados (e sem sal, diga-se de passagem), o resultado final do filme até que é bastante agradável e, em substância, intensamente belo.
O destaque, contudo, fica mais por conta das partes técnicas, em especial a primorosa fotografia de Dan Laustsen, focalizando a estética da imagem em tons de azul e verde (pois não basta falar da forma da água, se não mostrar a cor da mesma). O filme, em si, até que é interessante e, reconheço, até conseguirá agradar a um espectador que o assista de maneira mais despretensiosa.
Não obstante, está muito longe de merecer as 13 indicações ao festival de cinema mais importante do mundo (sic) que é o Oscar. Sua presença magnânima (e a ausência total de obras brilhantes como Mãe!) demonstra, de maneira sintomática, o quão presos os críticos hollywoodianos da sétima arte estão dentro do arauto de seus círculos de preferências. E depois reclamam quando dizem que o cinema está morrendo...
Um dos melhores filmes, a mescla entre o roteiro e o elenco dá um bom resultado. Michael Shannon fez um ótimo trabalho no filme. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores lançamentos em 2018 acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.
ResponderExcluirNão se sei já é de seu conhecimento, mas já existe uma adaptação cinematográfica do livro "Fahrenheit 451", do Ray Bradbury. É um clássico, inclusive. Dirigido pelo François Truffaut. Caso ainda não tenha visto, recomendo fortemente.
ExcluirGrande abraço!